hoje você diz:
nunca mais eu volto

amanhã à noitinha:
como foi seu dia?

joga conversa fora
em seguida, briga

penso calar seus resmungos
com a boca 

apesar da hora, 
é cedo para que o amor termine

A morte

remédio debaixo da língua
língua dentro da boca
boca maior que o ouvido
ouvido ouvindo o que quer
o que quero? 
remédio debaixo da língua
esse cigarro noturno acaba 
com a minha garganta

a rede faz um barulho alto demais 
pro silêncio em volta

é o gato que aparece de repente
e não diz nada

é a cabeça que vive rodando
e não diz nada

triste é o meio de uma vida
e a solidão
carregava quilos
os ombros doíam
tudo isso tinha um nome
eu já nem lembro
nem de ontem
nem do homem
nem do tempo
eu juro
virei vento
já é meu o seu poema
seu jogo é meu jogo
cuidado, eu caio.
me pegue